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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A escolha da graça no século da performance humana

A escolha da graça no século da performance humana




Vivemos uma profunda inversão de valores, que dia a dia adulteram os conceitos nobres da doutrina da vocação, a qual não nos ilude com promessas fantasiosas e que atribui pouca valia a nossa performance, mas nos fornece ferramentas compatíveis com as exigências e imposições do exercício vocacional (2 Co 4.5). Respiramos uma atmosfera religiosa saturada de valores sociais e pagãos, que substituem o pensamento cristão, como podemos entender a partir da seguinte ilustração: numa pequena igreja batista americana, um pastor com brilho nos olhos prega um sermão preparado no meio da semana. Um menino de dez anos o espera após o culto e lhe dirige duas perguntas fulminantes: “pastor, o senhor já viu Deus?”.
- Não, mas Ele fala constantemente comigo pela sua Palavra.
- O senhor ganha bem, pastor?
-Não, filho. As recompensas pelos meus serviços prestados a Deus têm como salário benefícios espirituais.
Intrigado, o pastor pergunta:
- Por que essas perguntas? Você tem interesse em tornar-se ministro e dedicar-se à igreja quando crescer?
- Nunca, pastor! Eu jamais trabalharia para alguém que nunca vejo e que não paga nem ao menos salário mínimo.
A igreja, na perspectiva de Deus, não é apenas uma instituição, mas sim uma nova sociedade dentro de uma sociedade moralmente em estado terminal. Quando alguém é recrutado para este trabalho, ele precisa viver sob princípios de um novo mundo; todavia, nem todos na igreja vivem as realidades do reino de Cristo. O rascunho do ministério de Paulo é uma prova da contra-cultura cristã frente à sociedade clássica greco-romana. Essa sociedade reserva prêmios para os mais notáveis dos seus cidadãos, enquanto o próprio Paulo tornou-se uma personificação viva e itinerante de valores que rechaçam a performance humana, enquanto o reino de Deus estabelece como regra de sobrevivência e permanência a dependência à capacidade divina outorgada à escória do mundo do seu tempo.
Pária social, próscrito do seu povo, exonerado das suas funções, traidor da sua tradição e mergulhado agora num mundo que em quase tudo se assemelha ao nosso, o mundo helenista, que não selecionava os seus homens pelos mesmos padrões dos judeus, Paulo agora é um homem desempregado, procurando uma comunidade de cristãos para pastorear. Trazia consigo o seguinte currículum vitae: assassino, agitador político, revolucionário, temperamento colérico, cursou a escola de farisaísmo, ex-presidiário das cadeias romanas, calvo, cambotas e tímido socialmente. O mundo helênico exigia o oposto de todas essas características, e os cristãos daquela época, por respirarem esses valores, se assemelhavam à cristandade contemporânea.
Qual igreja contrataria um pastor com esse currículo?


A regra de ouro que admite ou demite candidatos não é performance, mas sim a chamada divina. Diante deste quadro existencial tétrico sobra apenas a opinião de Deus (Atos 9:15). Foi a este homem que Deus recrutou, tornando-se o maior escritor do Novo Testamento e o maior implantador de igrejas.


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