A missão integral da igreja |
O mundo contemporâneo é fragmentado e departamentalizado. Reina nessa era de inconstância vocacional o princípio da especialização, ou seja, interpreta-se a natureza humana como um conjunto de departamentos, o que prejudica e compromete seriamente o conceito judaico-cristão do reino de Deus. Depreende-se de Marcos 16:15-18 pelo menos três dimensões da missão integral da igreja, as quais são: No evangelho de Marcos a ordem imperativa do mestre conspira contra toda espécie de monopólio da revelação bíblica, visto que o evangelho não pode ser trancafiado à esfera privada, como propõe muitos estados laicos de direito; o Cristianismo deve ser partilhado como patrimônio da humanidade. “Ide por todo o mundo” –Gr kosmos = sistema social, ele deve penetrar todas as estratificações construídas pelos sistemas sociais. A missão integral tem sua dimensão pedagógica, visto que no grego a ênfase recai sobre o “ensinai” e não sobre o “ide”. O evangelho nos transforma em pescadores de corações e de mentes, porém com uma isca estranha ao orgulho intelectual humano: a loucura da mensagem da cruz - 1Co.1:21-23. Está implícito na referida passagem de Marcos uma dimensão jurídica da missão integral da igreja, onde ele diz que aquele que crer será salvo, porém aquele que não crer será condenado. O ser testemunha de cristo é muito mais que discursar de forma simples ou elegante o evangelho, ser testemunha (mártir-Gr) significa ser um representante legal que proclama duas sentenças: uma sentença de absolvição (Rm 8:1) e outra de condenação (Mc 16:16). E por último constatamos uma dimensão que chamamos de médico terapêutica. Marcos, reproduzindo o que Jesus prometeu, assegura que uma capacidade de curar moléstias das mais distintas espécies nos seriam facultadas em consequência da dimensão jurídica que nos reconhece como autorizados pelo reino a por em prática o reino que cura. O que pregamos tem o poder de curar o homem de toda síndrome de réu e resgatá-lo interiormente das consequências da orfandade espiritual, que é anulada mediante a rendição à mensagem salvadora da cruz (João 1:12). Portanto, urge a necessidade de nos animarmos e com ousadia anunciar as boas novas a este mundo estilhaçado, que sobrevive às custas de paliativos religiosos traumatizantes da sua condição. É pecado interpretarmos a missão da igreja como política na luta contra a desigualdade social e econômica, como fez a Teologia da Libertação em toda América Latina, e igualmente pecaminoso espiritualizar a vida cristã ao extremo preparando os homens apenas para a vida eterna. A missão contemporânea da igreja consiste, pois, na compreensão da integralidade da natureza humana e ministrar aos homens o evangelho da eternidade(1Co 15:19), mas também o Evangelho que os habilite a ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5:13-14). |
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